terça-feira, 15 de maio de 2012

Bom para (quase) todos


Os juros caíram, mas as tarifas subiram. Para um endividado essa conta parece boa, mas e para o cidadão que não é endividado?


Atividades Financeiras
Para ter acesso às melhores condições de juros, como o cheque especial de 3,94% ao mês, os clientes do Banco do Brasil terão que aceitar pagar de 36% a 52% mais em tarifas por seu pacote de serviços. Em empréstimos mais curtos e de menor valor, o custo mais alto com a tarifa pode anular a economia com os juros oferecidos no programa "Bom Pra Todos". O gasto adicional com tarifa varia de R$ 73 a R$ 124 por ano. Apenas como exemplo, trocar um empréstimo de R$ 1 mil com prazo de 12 meses com taxa de juros de 3,5% ao mês por outro de 2% ao mês, gera uma economia de R$ 107 ao longo do período. (VE - C1)

Bancos intensificam o aumento de tarifas
Os dados dos quatro maiores bancos de capital aberto do país, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander, apontam para uma alta de 17% na receita de tarifas e prestação de serviços no primeiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. O ritmo de alta deste início de ano supera o crescimento anual observado em 2011 e 2010, de 13% e 14%, respectivamente. Com o processo de fusões, maior regulação do Banco Central e pressão por aumento de salários, entre 2009 e 2011 os bancos perderam eficiência ao se comparar a relação entre as receitas de serviços e as despesas com pessoal. Se em 2009 os bancos tinham R$ 138 de receita com serviços para R$ 100 gastos em salários, a relação caiu para R$ 135 no ano passado. No primeiro trimestre, o índice subiu para 142%, ante 137% um ano antes. (VE - A1)

domingo, 6 de maio de 2012

A favor da esmola - por quê?

Nós fazemos nossos amigos e nossos inimigos, mas Deus faz o próximo que mora ao lado. (...) Ele é a amostra de humanidade que de fato nos é dada. G.K. Chesterton



Seguindo os últimos posts (ver aqui e aqui), gostaria de estender um pouco mais os motivos que me levam a ser favorável à prática da esmola.

Primeiro de tudo. O pedinte é um ser-humano. Tão humano quanto eu, porém em uma situação mais desgraçada do que a minha situação. E quem garante que eu não estaria na mesma situação que ele se encontra caso a minha vida tivesse sido um pouco diferente? Ninguém pode afirmar isso,  justamente porque ele é um ser-humano, tanto  quanto eu. Talvez a vida tenha sido mais difícil pra ele, ou talvez ele tenha tomado  decisões erradas, mas isso pouco importa. O que importa é que ele é um ser-humano, que se encontra em uma situação terrível. Uma situação em que qualquer um poderia estar.

Em segundo lugar, como eu disse no post anterior, o problema com quem precisa de esmolas é que nenhuma solução vai ser simples. Obviamente que eu entendo que o melhor seria ajudar o pedinte sair da situação de  pedinte, mas o problema é que essa solução é muito complicada e em alguns casos ela é  inviável. Por quê? Porque existem casos  que o  pedinte teria plenas condições financeiras de sair das ruas, com o suporte da família. Então o problema nesses casos é um problema psicológico, não um problema econômico.

Então veja, o pedinte é  um coitado com 2 problemas. O problema maior, de  ordem psicológica, que o impede de largar a vida de pedinte. E um problema menor, imediato, que poderia ser resolvido ou amenizado com uma moeda de R$ 1,00. Então  lhe pergunto, se eu não tenho condições de  resolver o problema maior, eu devo deixar de resolver o problema menor? Mesmo  sabendo que o problema menor está  ao meu alcance e o problema maior não está? Enquanto não encontro uma solução final para o problema dele, continuou fazendo o que posso para resolver o problema imediato.

E por último, mas  mais importante que os outros motivos acima, a esmola é uma obrigação do cristão. Ponto final.

A favor da esmola - e os contrários "não-honestos"?

Seguindo o post de Sábado (ver aqui), entendo que existem pessoas "não-honestas" entre os que defendem que as doações sejam feitas para "instituições de caridade ou para os  fundos governamentais que cuidam dos pobres" ao invés de serem feitas diretamente para o pedinte. Enquadro aqui aquelas pessoas que não estão interessadas em ajudar, mas que respondem dessa forma com o intuito de não parecerem monstros desumanos. Gostaria de falar desses aqui.

Como é  possível que alguém que  sugere as instituições de caridade e os fundos oficiais seja alguém "não-honesto"? Explico.

Essas pessoas não estão preocupadas  com a necessidade do pedinte, mas apenas com si próprias. O melhor exemplo para ver isso são os casos dos  restaurantes que não doam os restos de comida "pois se doar uma vez, os mendigos vão  aparecer aqui todos os  dias". Ora essa, não existem sobras todos os dias? É claro  que existem, obvio, então vemos que o  problema não é esse. O problema na verdade é que o mendigo é uma pessoa suja, desagradável, "um problema" que pode afastar clientes. E aqui está o meu ponto.

Veja, a necessidade do pedinte não importa, a abastança própria não importa, o que importa é que esse ser sujo e desagradável pode "ofender" os clientes.

Por isso considero que essas pessoa são "não-honestas", porque a resposta delas esconde o fato de que o mais importante não é  a necessidade dos pedintes,  mas  sim a própria necessidade.

E por isso usei o termo "não-honesto". Essas pessoas não são honestas com quem questiona a  sua opinião e não são honestas consigo mesmas. Evitei a palavra "desonesto" justamente para  evitar associações desonestidade, uma vez que a resposta dessas pessoas está mais perto da mentira do que da desonestidade.

Usei o exemplo do restaurante porque penso que com esse exemplo é mais fácil de entender, mas  a atitude desse dono de restaurante é exatamente a mesma atitude de qualquer outra  pessoa cuja opinião contrária à esmola está amparada pela aversão ao pedinte.

sábado, 5 de maio de 2012

A favor da esmola - argumentos para os contrários "honestos"

Como eu disse no último post (ver aqui), existem pessoas honestas entre os que defendem que as doações sejam feitas para "instituições de caridade ou para os  fundos governamentais que cuidam dos pobres" ao invés de serem feitas diretamente para o pedinte. Essas pessoas acreditam realmente que essa é a melhor forma  de agir. São estes que eu gostaria de responder aqui.

Nesses casos, quando estou falando com alguém "honesto",  creio  que a divergência de opiniões esteja em dois pontos que considero errados:

1° as pessoas contrárias à esmola acreditam que quem pede esmola é uma pessoa normal, que precisaria "se emendar", "criar vergonha na cara", "mudar de vida". Quem pensa dessa forma acredita que o fato das pessoas darem esmola  seria um incentivo para que esses "vagabundos" continuem na mesma situação.

Na minha opinião, isso é falso na maioria dos casos. Pelo pouco que conheço, as pessoas que pedem esmolas são  pessoas que se envergonham de pedir. Pelo menos é  o que dizem as pessoas que já trabalharam de alguma forma (servindo sopa, doando cobertores, etc.) com moradores de rua.

Mas se sentem vergonha, por que então continuam na mendicância? Acredito que o problema dessas pessoas seja de ordem psicológica, talvez a ausência de uma estrutura psicológica que  seja  normal em outras pessoas, uma estrutura que os  capacite a levar uma vida normal (isto é,  trabalhar, assumir responsabilidades, constituir família, etc.).

2° as pessoas contrárias à esmola acreditam que as instituições de caridade vão resolver o problema descrito no ponto anterior. Eu não acredito, justamente porque  eu acredito  que o problema deles seja muito mais complexo do que uma simples "vagabundice".

Agora, com relação aos fundos criados pelo governo, eu acho que qualquer um que cita essa opção em lugar da esmola é um perfeito estúpido (ainda que seja honesto). Como alguém pode achar que é melhor dar R$ 1,00 nas mãos de um político do  que dar R$ 1,00 diretamente para um necessitado? Quanto desse dinheiro dado para políticos vai chegar nas mãos de quem realmente precisa? Ora essa...

A favor da esmola

Sempre que alguém questiona minha opinião a respeito da esmola, eu acabo ouvindo o seguinte argumento: "a esmola não ajuda de verdade, ela apenas dá mais um motivo para o pedinte continuar na mesma situação". Quando ouço isso e pergunto "ok, então qual seria a solução?", a resposta mais recorrente é "você deve fazer doações para as instituições de caridade ou para os  fundos governamentais que cuidam dos pobres".

Pelo que percebo, esse tipo de resposta pode ser dado por 2 tipos de pessoas, os "honestos", que realmente acreditam que essa seja a melhor opção para ajudar os pedintes e os "não-honestos" que respondem assim porque é bonito, mas que realmente não estão muito interessados em ajudar.

Vou responder a cada um nos próximos 2 posts.